O que você acha sobre o asfaltamento das ruas de São Lourenço – Última rodada

O São Lourenço Jornal fez essa pergunta a diversas pessoas da cidade de São Lourenço ao longo do mês passado e publicamos as opiniões na íntegra, conforme dito na matéria original publicada dia 25/04 , estamos finalizando essa semana com a opinião do ex-prefeito José Celso Garcia.

Diante de tantas opiniões circulando nos últimos tempos a respeito das ruas da cidade, que vem sendo asfaltadas, nossa reportagem resolveu ouvir e publicar na íntegra a opinião de empresários, políticos, moradores, jornalistas e filhos saolourencianos. O objetivo é deixar registrado e acompanhar nos próximos anos esse processo de mudança das característica do município, visto que é uma mudança nítida aos olhos e cada um tem encarado de uma forma, muitos olham apenas o conforto de deslocamento na pista, outros tem preocupações ambientais, outros pensam na descaracterização turística e histórica.

Qualquer forma de mudança gera opiniões e comportamentos diferentes! “Toda mudança é uma crise, porque implica sair de uma situação da qual temos controle para nos lançarmos em direção ao desconhecido”, explica o psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, doutor em ciências médicas pela USP. De acordo com ele, a mudança só é vista com bons olhos por quem está em uma situação que reconhece como muito desagradável. Essa frase resume bem os motoboys por exemplo, que circulam diariamente pelas ruas da cidade e que apoiam, praticamente em sua totalidade, o asfaltamento da cidade toda. muito mais que o conforto em transitar pelas ruas da cidade, a mudança envolve turismo, meio ambiente, águas minerais, águas pluviais, alagamentos, enchentes, aquecimento, que saberemos o impacto real, apenas com o passar dos tempos.

Segue abaixo a opinião do nosso último entrevistado, lembrando que todas devem ser respeitadas.

José Celso Garcia

Médico, nascido, criado e morador da cidade, ex-prefeito de São Lourenço

“ASFALTO É COMODIDADE. NÃO É PROGRESSO

O progresso tem bônus, a comodidade tem ônus. O progresso rima com melhoria das condições sociais e econômicas. Rima com educação, gentileza e segurança. Rima com solidariedade e saúde. Rima com preservação cultural, histórica e respeito ao próximo como manda nossos preceitos cristãos.

A comodidade, embora desejável e bem-vinda, tem avir com custo.

Nossa cidade não é “histórica”, mas tem história. Até agora foi construída por nossos avós e pais. Guarda nossas referências sem as quais não somos ninguém. Queiramos ou não somos fruto do passado e o passado nos ensina com seus erros e acertos a criar um futuro sempre melhor.

Nossa economia de um município de pequeno tamanho e sem indústrias e agronegócios vive do setor terciário (serviços, comércio, turismo). Somos uma das estâncias hidrominerais e turísticas mais frequentadas do Brasil. Estamos dentro do triângulo cujos vértices são as maiores metrópoles do país.

O que traz tanta gente para cá senão as nossas diferenças destas regiões altamente urbanizadas. TURISMO É DIFERENÇA. Ninguém vai visitar um lugar igual a sua moradia. E São Lourenço oferece esta diferença.

Nosso desenvolvimento urbano transformou a Igreja Matriz num divisor interessante, a leste os equipamentos locais, domésticos, os bancos, a maior parte dos supermercados, as lojas de material de construção, mercado, feira etc. A oeste o comércio turístico e a maioria dos hotéis.

Seria desejável que esta área permanecesse como foi feita pelos nossos ancestrais e que faz parte da nossa característica interiorana.

Além disto o asfalto tem custos e vai aquecer mais a cidade. O paralelepípedo usa mão de obra local, o asfalto remunera empresas de fora. A pavimentação antiga pode ser refeita sem gastos além da mão de obra e é duradoura. O asfalto tem que ser reparado a cada 5 ou 7 anos com gastos de recursos que poderiam ser usados em outros setores como saúde, educação, lazer, em geração de empregos, enfim, em progresso.

Se a comodidade é tão importante que a estenda pela área doméstica deixando a área turística com suas características.

O paulista Dr. Lessa, meu colega, a quem por já ter ocupado o mesmo cargo entendo as dificuldades para tomar decisões, e apesar de ter adotado São Lourenço como seu lar, talvez não tenha percebido estas características de nossa cidade e começou a destruir nossa pavimentação tradicional justo defronte o Parque das Águas.

Mas está em tempo de salvar alguma coisa do nosso futuro.”

Para acompanhar todas as opiniões clique aqui : https://www.saolourencojornal.com.br/penultima-rodada-o-que-voce-acha-sobre-o-asfaltamento-das-ruas-de-sao-lourenco-parte-5/

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