Com um currículo extenso e uma capacidade intelectual admirável a Dra Alitta Guimarães Costa Reis está atendendo na Clínica São Lourenço, no bairro Federal, a rua Jaime Sotto Mayor, 163 – 3• piso sala 04!
Dra Alitta é médica e professora há 53 anos. Escritora há 34 anos. Com trabalhos na rede pública e particular.
Graduada em Medicina, Ciências sociais/Sociologia, Estudos Sociais, Pedagogia ( Orientação educacional).
Especializada em Psiquiatria , Psicologia da Infância e da Adolescência, Psicoterapia de Base Analítica, possui Mestrado em Saúde Mental e Doutorado em Educação.
Além do vasto conhecimento na área de saúde, possui o talento de ser escritora.
O SLJornal vai publicar alguns textos de sua autoria.
Abaixo você confere o texto; ( vamos publicá-lo em partes)
“Olho de elefante”
“De Viena pulei para Berlim. Embora Buda tivesse apagado muitas das minhas sedes íntimas. não conseguiu extinguir a sede de ver o maior número possível de lugares da terra e dos mares. Ele me dera o que ele mesmo chamou de “olho de elefante “, a capacidade de ver todas as coisas como se fosse a primeira vez e saudá-las, de ver todas as coisas como se fosse a última vez e dizer-lhes adeus. ” Nikos Kazantzakis (1858-1957).”Relatório para Greco”.
Por muitos anos venho guardando lembrança da prodigiosa memória de uma amiga de meu pai. Amiga de circo.
O circo ocupou por semanas o terreno baldio próximo à nossa casa. Eu era bem pequena, e tudo era um deslumbramento. O circo chegava com estrépito, um desfile com artistas e animais pela cidade, musica empolgante, a montagem da lona.
Podíamos conviver com o dia-a-dia dos artistas. Víamos como eram feitas as cornucópias azuis de papel, com rendas e laç0s, cheios de doces, que eram vendidas à noite, no espetáculo, com canudinhos de amendoim, pipocas e pirulitos de tábua.
Víamos também a higiene, a alimentação e o treinamento dos bichos. Eram boas pessoas, tratavam bem os animais.
Aprendíamos sobre a vida nômade, nos “trailers” e tendas, como se arrumava a serragem e a palha de arroz, como se faziam as roupagens. Para a nossa surpresa, as crianças estudavam, frequentavam escolas por onde passavam, e os pais acompanhavam seus estudos, assim como os treinos do circo. Assistíamos aos treinos, eles não se importavam. Bem sabiam que era à noite que a màgica acontecia: homens e mulheres comuns transformavam-se em palhaços, trapezistas, equilibristas, com roupas coloridas e brilhantes.
Era inverno. A temperatura caíra a menos de 5° C e o circo ficava próximo ao rio. Meus pais falaram com eles, as crianças menores foram convidadas a dormirem no quarto grande que eu dividia com minha irmã. Foi assim que me tornei amiga de uma garotinha de franja e cabelos lisos, que regulava comigo de idade. Ela contava histórias sobre o circo, e nós brincávamos muito. Minha mãe contava histórias à noite, mas de dia aproveitava para ensinar a nós duas português e matemática.
Continua…..