OUTRA PREMONIÇÃO (?)

(Parte de um diálogo ocorrido em 1999:
Frei Perceval, meu grande amigo:
– Filipe, místicos como nós, só são entendidos depois da morte.
– Sim, frei, e às vezes nem nós mesmos nos entendemos, talvez por isso frequentemos a mesma psicóloga em São Paulo…)
Paulo Messer foi um colega de faculdade com quem tive pouco contato, mas nos poucos momentos em que tivemos, me mostrou ser uma pessoa educada e gentil. Lembro bem do primeiro almoço do nosso encontro de 30 anos de formados, quando nos sentamos juntos e conversamos talvez mais do que nos seis anos de faculdade.
Ele morava parte em Israel, parte em Nova Iorque e parte no Rio, pelo que sei.
Karina é minha fisioterapeuta, e com ela faço Pilates individual duas vezes por semana. Uma das pessoas com quem mais converso. Às vezes até serve como terapia.
Há umas duas semanas, comecei a me sentir inquieto (como já aconteceu várias vezes na vida e quem tem convívio comigo sabe de várias histórias, algumas narradas no livro Memórias de um Etíope e em outros).
– Karina, tenho certeza de que um colega meu de faculdade está para morrer e logo. Não é alguém com quem tive muito contato e não mora perto. Só não sei quem é. Seria alguém da região Centro Oeste? Alguém que mora no Exterior?
Os dias passavam e eu repetia essa conversa e o quanto não me sentia bem.
Quando amanheceu o sábado, 5 de fevereiro, lembrei-me de uma tia-avó que morreu nesta data, anos atrás e em geral não gosto disso, fico mais inquieto, acho que alguém vai morrer. Ocorreu isso no dia do acidente com meu filho, 23 de setembro, do qual, felizmente ele escapou com vida. Foi a data do falecimento de meu tio, Felipe Gannam, em 1944.
Talvez fosse uma das manhãs de mais ansiedade dessas últimas semanas.
Eu não me sentia bem.
Como todos os dias, saí com Eliane para almoçarmos. Era por volta de meio dia, comecei a suar como nunca em minha vida. Fiquei cansado. Falei que não aguentava andar até o restaurante. Que queria voltar.
Voltamos, descongelamos algo para almoçar. Eu estava com muita fome, o que não costumo ter.
Depois fui para o celular, ainda não me sentindo bem. Para minha surpresa, ou talvez nem tanto, pois estou quase acostumando com isso, havia uma mensagem do colega Lelis, dando conta da morte do Paulo.
Logo em seguida, deixei de me sentir mal. Parecia que tinha tomado um banho reconfortante, como sempre acontece depois desses episódios.
No Facebook publiquei apenas uma curta nota, dizendo que mais um colega meu havia partido.
Karina imediatamente se lembrou de tudo o que eu falara e comentou comigo.
Os espíritas me dizem médium, outros me chamam de sensitivo. Na verdade, não tenho explicações para tais acontecimentos. Premonições? Por que eu fui escolhido para isso?
(–Alô, Frei Perceval, você que já partiu, deve ter entendido muita coisa que ainda não entendendo, aguardo minha chegada aí em breve para que alguém me explique. Aliás, vou dar muito trabalho para Deus e para meus ancestrais, com as perguntas que levarei… talvez Deus me mande de volta, de tão cansado que vai ficar…)

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